QUE PAÍS É ESSE?Carmelo Cañas
Denomina-se democracia (do grego demos, "povo", e kratos, "autoridade") uma forma de organização política que reconhece a cada um dos membros da comunidade o direito de participar da direção e gestão dos assuntos públicos. Entende-se por democracia: Governo eleito pelo povo, para servir ao mesmo.Exatamente para qual povo é interessante que os políticos estejam constantemente aumentando seus próprios salários? São regalias sem fim para a classe, enquanto o salário mínimo raramente sofre leves alterações. Quais as maneiras pacíficas de reivindicar isso? Alguém pretende um dia fazer estas reivindicações?
Em países desenvolvidos, como o Canadá, por exemplo, o salário dos políticos também é alto, assim como lá também paga se elevados impostos. A diferença é que a população percebe o resultado desses gastos, em obras e soluções que aos poucos tornam o convívio social mais fácil, justo e agradável.
Aqui no Brasil vivemos uma eterna crise de valores. Não existe um discurso corrente na sociedade, algo que de alguma maneira caracterize uma nação como possuidora de objetivos. Nem o lema positivista, escrito na bandeira, serve de incentivo para que o Brasil se compreenda como uma nação que precisa de ordem para ter progresso.
A moral que é passada ao povo brasileiro através da eficiente conexão -educação precária, rede de tv alienante, religiões enganosas - é uma moral barata, responsável por fazer a manutenção de um comportamento servil, justificando a desgraçada vida que o país se propõe a oferecer para maior parte de sua população. É o sistema corrupto tentando convencer os prejudicados por ele de que a honestidade é a maior virtude do homem.
O patriotismo do brasileiro é uma coisa bastante utópica, que floresce com toda a força em épocas de Copa do Mundo, mas no dia a dia também arranca algumas declarações de amor feitas por seus habitantes, como se por algum motivo esta terra fosse naturalmente especial. Na hora de insultar habitantes de outros países a nossa nação também se mostra competente, como ocorreu recentemente no caso da maior tragédia da aviação nacional. Logo que se deu o episódio, os brasileiros encheram a boca para xingar o jornalista do New York Times que voltou para os Estados Unidos dizendo que o controle do espaço aéreo brasileiro era uma bagunça. No entanto agora, todos estão se dando conta de que as palavras do americano faziam bastante sentido.
Outro caso ocorrido recentemente demonstra o quanto é conflitante a opinião coletiva. Refiro-me ao caso do jogador Carlos Alberto do Figueirense. Como todos sabem, foi descoberto o famoso “gato” feito pelo atleta no qual ele havia alterado sua idade em “apenas” cinco anos. A maior rede de tv local resolveu fazer uma pesquisa para saber de seus telespectadores se o jogador devia ou não ser punido. Mais de 60% dos telefonemas foram para dizer que não, o jogador não devia ser punido. É impressionante que habitantes de um país que reclama diariamente da impunidade ainda acredite que a ausência de punição para casos “simples” seja uma saída. Ta certo que essa foi uma pesquisa feita por uma rede local, mas será que o resultado teria sido outro em algum lugar do Brasil?
Assim se passam os anos em nosso país, onde as pessoas assistem ao noticiário noturno para conferir quais foram às situações que “só no Brasil mesmo” para acontecerem. E podem acreditar, nada surpreende nosso pacato telespectador que olha para a tv como se já soubesse que tudo aquilo cedo ou tarde ia acontecer e se trata apenas da ordem natural das coisas. Já as boas notícias são vistas com um pouco de estranheza, ou pelo menos com a certeza que daqui a pouco algo já vai dar errado. Mas quem se importa com as notícias, se logo depois já vem a “rica novelinha”, e no dia de amanhã é novamente cada um por si e ninguém por todos.
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